​​​​​​2.3 - Eixo Diagnóstico

Ações relacionadas

7. Aprimorar a metodologia utilizada no estudo da inclusão financeira e incorporar indicadores de qualidade.

Entidades coordenadoras – BCB, Previc, Susep.

Finalidade – Fortalecer a metodologia para diagnóstico e acompanhamento da realidade brasileira em relação à inclusão financeira, tornando-os mais completos, de forma que se ofereça melhor subsídio à estruturação de ações para sua promoção.


8. Realizar pesquisas sobre o comportamento e a percepção da população em relação à utilização de serviços financeiros.

Entidades coordenadoras – BCB, Previc, CVM, Susep, IBGE, SAE/PR, MDS.

Finalidade – Aprofundar o conhecimento sobre acesso e uso de serviços financeiros, entraves ao processo de inclusão e qualidade dos serviços prestados com base em informações dos usuários.​

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Cientes de que traçar diagnósticos precisos é essencial para qualquer programa que se pretenda qualificar como estruturante, as entidades coordenadoras empreenderam diversas iniciativas voltadas ao desenvolvimento de metodologias, construção de indicadores e levantamento e análise de dados.

Nesse cenário, destaca-se a atuação do Brasil como líder do subgrupo da Aliança para Inclusão Financeira (AFI, sigla em inglês para Alliance for Financial Inclusion) dedicado a definir indicadores para analisar a qualidade da inclusão financeira, que vão se somar aos indicadores de uso e acesso. Em um trabalho que durou dois anos, foram levantados 28 indicadores – como preço acessível, transparência, conveniência, tratamento justo –, a serem adotados voluntariamente por países membros que pretendam acompanhar a qualidade do acesso a serviços financeiros por sua população.

O BCB também tem buscado o aprimoramento do Índice de Inclusão Financeira (IIF), trabalho que inclui a definição de dados que serão utilizados para construção das Estatísticas de Inclusão Financeira e a organização de um processo de trabalho ou rotina para sua divulgação sistemática e periódica.

Como parte desse esforço, duas pesquisas voltadas às unidades familiares estão em fase de conclusão, com o objetivo de conhecer a forma de acesso a serviços financeiros, a qualidade desses serviços e, idealmente, o impacto desses serviços na vida da população. Uma das sondagens é qualitativa e tem como foco o endividamento, usando a metodologia de grupos focais. A outra, quantitativa, baseia-se na aplicação de questionários e foi aplicada para que se possa apreender melhor a qualidade dos serviços prestados por parte das instituições financeiras e a eficácia dos canais de reclamação disponíveis.

O diagnóstico da inclusão financeira no país também contará com a ajuda do IBGE. O órgão, em parceria com o BCB, está trabalhando para identificar dados relevantes à inclusão financeira já contemplados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e verificar a possibilidade da inserção, na POF, de outros temas e quesitos de interesse para a temática da inclusão.

Enquanto se aguardam os resultados desses esforços para mapear esse cenário, outras pesquisas ajudaram a esboçar o panorama. Edição de Inclusão Financeira da pesquisa CNI-Ibope Retratos da Sociedade, realizada, em 2012, com apoio da SAE/PR e do BCB, contribuiu para a compreensão de temáticas relacionadas à inclusão financeira, como acesso; grau de utilização; formas de utilização; educação financeira; barreiras; e demanda reprimida. Na época da sondagem, 63% da população acima de dezesseis anos possuía acesso a serviços bancários, ou seja, conta de depósito à vista e/ou conta-poupança.  Mais de 1/3 da população ainda estava fora do SFN, e as principais razões alegadas eram: falta de condições financeiras e alto custo bancário. A exclusão era maior entre as mulheres, entre a população menos instruída e de menor renda.

Em 2013 e 2014, a SAE/PR e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desenvolveram três pesquisas de percepção social sobre inclusão financeira. Foram realizadas, em cada uma delas, cerca de 3.810 entrevistas domiciliares com representatividade nacional. Foram abordados temas como acesso a serviços financeiros; educação financeira; poupança; patrimônio das famílias; entre outros. De acordo com a sondagem, em relação aos locais de uso dos serviços bancários, as casas lotéricas, com 64,5%, superaram as tradicionais agências bancárias, utilizadas por apenas 36,54%. Por outro lado, 15,2% dos entrevistados não utilizaram nenhum serviço bancário no mês anterior à pesquisa.

Pesquisa específica sobre correspondentes, realizada, em 2013, pela consultoria internacional Bankable Frontier Associates, com o apoio do BCB, possibilitou melhor conhecimento sobre o uso desse serviço pela população. De acordo com a sondagem, a maior parte dos brasileiros residentes na área urbana mora a, no máximo, cinco quilômetros de um correspondente. Na área rural, essa distância sobe para dez quilômetros. Os correspondentes são largamente usados para pagamento de contas, mas pouco utilizados para serviços financeiros, como saques e depósitos.

Em 2014, o Sebrae divulgou os resultados de uma pesquisa que buscou avaliar as principais características do universo dos pequenos negócios no Brasil, quanto à questão do seu financiamento. O estudo, que contou com a participação total de 5.341 empresas de todo o país, indica que, entre microempreendedores individuais (MEIs), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPPs), a oferta de crédito tende a ser mais generosa para as EPPs, para o setor de comércio e para empresas situadas no Sul do país. Já no outro extremo, com maior dificuldade de obter financiamento, estão os MEIs, o setor de construção civil e a região Norte.

Além de relatar os avanços, é preciso levar em consideração que ainda existem desafios. Impulsionar o setor de pagamentos móveis, ainda incipiente, aumentar a disseminação de produtos e serviços como as contas simplificadas, muitas vezes desconhecidas pelo cidadão, e reforçar os incentivos para a confecção de produtos financeiros que sejam realmente adequados ao perfil dos clientes são alguns deles. Para enfrentá-los, mostra-se, cada vez mais necessário, continuar o trabalho em rede, fortalecendo também o engajamento formal da iniciativa privada, em prol de um sistema financeiro verdadeiramente inclusivo.