6.3.4 - Convergências de esforços
Diagnóstico sobre inclusão financeira une parceiros.
IBGE
Esse trabalho de compreensão do cenário de inclusão financeira no Brasil e do uso de serviços financeiros passou a contar com o reforço de parceiros estratégicos. Desde 2012, no âmbito da PNIF, o BCB e o IBGE estão estreitando a parceria, com o objetivo de verificar informações já disponíveis nas bases de dados do Instituto e procurar responder a um conjunto de demandas de interesse para inclusão financeira.
Inicialmente, identificou-se a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), ambas pertencentes ao Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD) do IBGE, como veículos potenciais.
Com o detalhamento das referidas demandas, acordou-se que o conjunto de informações e levantamentos pretendidos pelo projeto seria avaliado sob o ponto de vista da POF, que já prevê a produção de dados relacionados a despesas e rendimentos.
Foram efetuadas implementações previstas para a próxima edição da POF, planejada para ir a campo de março de 2015 a março de 2016, referentes aos temas de interesse sinalizados pelo BCB. Algumas questões já se encontravam contempladas na pesquisa e deverão ser mantidas em seu questionário. A inclusão de novos temas na POF, contudo, ainda depende de análise técnica final, tendo em vista custos e operacionalização da pesquisa.
Forma de atendimento das demandas solicitadas
Sobre a relação de pessoas moradoras com o sistema financeiro | Número de contas-correntes, poupança, cartões de crédito, cheque especial. | Não será possível fazer levantamento de limites desses instrumentos. |
| Formas de pagamento nas aquisições (a vista ou a prazo), com utilização de cartão de crédito ou não. | Não será possível fazer desagregação além da que já existe na pesquisa. A amostra da POF não permite construir estimativas para os diversos cruzamentos que envolvem formas de pagamento e aquisições. |
Sobre o grau de endividamento | Estudos sobre contratação de empréstimos no período de referência de doze meses. Empréstimos pagos no período de referência, embora apenas as parcelas ou o montante pago no período de referência. | Não serão investigados os totais das dívidas das pessoas moradoras. |
| Quesitos sobre as expectativas da pessoa de referência do domicílio em relação ao pagamento de despesas domiciliares. (procura-se identificar se a pessoa de referência está preocupada, ou não, com a suficiência dos recursos da família para pagamento de despesas correntes, como água, luz, gás, condomínio etc.). | |
Sobre a posse de ativos financeiros | Transações do período, ou seja, o fluxo dos ativos (depósitos e retiradas), mas não seus saldos. Considerações referentes à previdência privada e seguros já são atendidas pela metodologia da pesquisa. | Não há previsão, na pesquisa, quanto ao levantamento da posse de ativos financeiros. Por exemplo, total em poupança, total em ações. |
Sobre a intenção de poupar | Realização de depósito em poupança ou em outra aplicação financeira (fundo de investimentos, CDB, ações etc.). Aquisições de títulos de capitalização, consórcios e despesas com previdência privada. Observação – O período de referência para registro dessas informações, conforme a metodologia da pesquisa, é de doze meses, ou seja, os registros são feitos se a pessoa tiver realizado um dos eventos citados nos doze meses anteriores à data de abertura da pesquisa no domicílio. | |
Previc
A Previc, em parceria com a Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC) do MPS e com colaboração das associações dos participantes e patrocinadores, também elaborou um projeto de pesquisa, baseado no Optional Survey Questions for the OECD INFE Financial Literacy Core Questionnaire, para ser aplicado aos participantes dos fundos de pensão. Um dos objetivos do questionário será tentar identificar o grau de endividamento dos participantes de fundo de pensão. No momento, o projeto de pesquisa está sob a responsabilidade da SPPC.
Secretaria de Assuntos Estratégicos
Em relação a consumo das bases de dados e pesquisas existentes, a SAE/PR já havia participado do III Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, realizado em 2011, em que apresentou análise sobre a inclusão financeira da nova classe média. Nesse trabalho, foram destacados os pontos da magnitude da inclusão financeira, isto é, quais os serviços mais utilizados pela nova classe média, quais aqueles em que o acesso ou a utilização são ainda restritos, além de destacar o padrão de consumo da nova classe média e para quais bens e serviços essa classe mais usa mecanismos financeiros de financiamento. As bases de dados utilizadas na análise em questão foram a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, e a Pesquisa de Qualidade de Vida em Comunidades com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), realizada pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Nessa mesma frente, a SAE/PR participou, em 2012, do III Fórum sobre Inclusão Financeira, de evento concomitante ao Plano de Ação para Fortalecimento do Ambiente Institucional. O ato contou com o engajamento da Princesa Máxima, da Holanda, como Assessora Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Desenvolvimento Financeiro Inclusivo. Nessa ocasião, a SAE/PR expôs análise sobre a utilização de serviços de seguros pelas classes populares, sobre os principais tipos de serviços que contratam, sobre as percepções dos riscos e dos mecanismos de gestão dos riscos mais utilizados e, ainda, sobre o contraste entre as expectativas pessoais de como lidariam com os sinistros face à efetiva forma como historicamente lidaram nas ocorrências de sinistros. Para tanto, a SAE/PR utilizou a pesquisa Estou Seguro, realizada pelo IETS, a Pesquisa de Avaliação do Impacto do Microcrédito, realizada pelo IETS em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), a Pesquisa de Qualidade de Vida em Comunidades com UPP, também realizada pelo IETS em parceria com a Firjan, bem como a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF), realizada pelo IBGE.
Em 2013, a SAE/PR participou do V Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira. Na sessão Educação Financeira no Brasil, a SAE/PR fez análise sobre os principais desafios para a educação financeira no Brasil, enfatizando a importância de decisões financeiras bem informadas, as crescentes consequências (da falta) da educação financeira no endividamento das famílias brasileiras e o impacto sobre o bem estar da subestimação da taxa de juros para quem toma empréstimos e da superestimação da taxa de juros para quem poupa. Em suas análises, a SAE/PR utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, da Pesquisa de Orçamentos Familiares, as projeções populacionais, todas realizadas pelo IBGE, bem como dos Relatórios de Economia Bancária e Crédito, realizados pelo BCB, dos Indicadores de Alfabetismo Funcional (INAF), especificamente aqueles que se referem ao letramento financeiro, desenvolvidos pelo Instituto Paulo Montenegro, e pesquisa do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF) sobre percepções e efetivo conhecimento financeiro.
Colaboração na realização de novas pesquisas
Na frente de colaboração na realização de novas pesquisas, a SAE/PR, em parceria com o BCB, ajudou a desenvolver o questionário para a edição de Inclusão Financeira da pesquisa CNI-Ibope Retratos da Sociedade, divulgada em junho de 2012. As equipes se concentraram na elaboração de quesitos que ajudassem a compreender as seguintes temáticas relacionadas à inclusão financeira: acesso; grau de utilização; formas de utilização; educação financeira; barreiras; e demanda reprimida.
Em 2013 e 2014, a SAE/PR e o Ipea desenvolveram três pesquisas de percepção social sobre inclusão financeira. Foram realizadas, em cada uma delas, cerca de 3.810 entrevistas domiciliares com representatividade nacional e grandes regiões brasileiras. Foram abordados temas como: acesso a serviços financeiros; educação financeira; poupança; patrimônio das famílias. Os resultados dessa pesquisa foram apresentados no V Fórum BCB sobre Inclusão Financeira pelo ministro da SAE/PR Marcelo Neri durante a sessão Diagnóstico da Inclusão Financeira do Brasil, realizada no primeiro dia do evento.
Em fevereiro de 2014, o ministro Marcelo Neri se reuniu com a Diretoria Colegiada do BCB para tratar de inclusão financeira, poupança das famílias e desenvolvimento inclusivo sustentável. O objetivo foi discutir temas estratégicos de interesse comum às duas instituições, com foco no papel da inclusão financeira e das microfinanças para o desenvolvimento.
Há consenso entre o presidente do BCB e o ministro da SAE/PR de que o objetivo a ser atingido com as ações empreendidas é o de melhorar o bem-estar das pessoas por meio de estímulo à poupança e à educação financeira das famílias brasileiras. Ambos manifestaram a intenção de aprofundar a discussão e realizar esforços conjuntos, para aumentar a poupança financeira das famílias brasileiras.
Nesse âmbito, o Ipea e a SAE/PR estão realizando nova pesquisa de inclusão financeira, que está terminando de sair de campo, entrevistando as mesmas pessoas que responderam à pesquisa de 2013. A nova pesquisa, além de reproduzir perguntas feitas na edição anterior, dá maior destaque a perguntas sobre determinantes e motivações individuais e familiares relacionadas à poupança (ou ao fato de o indivíduo não ter poupado), buscando aprofundar a discussão e pensar ações que visem estimular as poupanças das famílias brasileiras. O estímulo à poupança das famílias faz parte do conjunto de agendas centrais da SAE/PR, já que é um dos elementos mais importantes para sustentar o desenvolvimento do país no longo prazo.
Ainda em 2014, o ministro Neri fez uma palestra para convidados especiais durante o XVI Seminário Anual de Metas de Inflação, organizado pelo BCB em maio. Foi feita uma análise das tendências de redistribuição de renda e capital entre os brasileiros nos anos recentes, e os mais atuais dados públicos disponíveis sobre o avanço socioeconômico em curso foram apresentados, apontando-se evidências de sua qualidade e sustentabilidade.