​​​7.2 - Eixo Educação e transparência

Na área de educação e transparência, existem três principais desafios a serem enfrentados, de forma que se evite que o processo de inclusão financeira se transforme em exclusão permanente e voluntária, em consequência de experiências malsucedidas na contratação e no uso de produtos e serviços financeiros:

  • promover acesso a serviços financeiros adequados às necessidades do consumidor (suitability);
  • promover a escala dos projetos piloto de educação financeira testados e aprovados, ampliando sua disseminação e alcance;
  • promover a proteção dos consumidores de serviços financeiros.

Fazer com que os projetos-pilotos de educação financeira ganhem escala também é desafio a ser enfrentado, não somente para a ENEF – com os projetos voltados aos segmentos do ensino médio e fundamental – como também para os projetos setoriais dos parceiros integrantes do CONEF. A formação de multiplicadores é uma das soluções encontradas para ampliar o alcance das iniciativas, mas que também precisa ter escala. Além disso, é preciso avaliar o impacto que essas ações, em maior abrangência, provocam, não somente no contexto específico de suas ações, mas também no espectro mais amplo da evolução da educação financeira no país. Porém, definir indicadores e metodologias para apreender com certeza se as mudanças de comportamento esperadas realmente ocorreram e quais foram decorrentes das iniciativas empreendidas é também desafiador.

Como parte do desafio contínuo de tornar a conquista do acesso ao SFN permanente e sustentável ao longo do tempo, é necessário educar financeiramente o consumidor para que possa avaliar o que é mais adequado e proteger-se de seus próprios impulsos de consumo, tornando-se capaz de tomar decisões de forma autônoma.

É preciso ainda fomentar o hábito de poupar, de modo que ele possa ser compreendido não como renúncia, mas como forma de se consumir de forma planejada, tendo em vista o longo prazo, tarefa que assume especial importância dada à expectativa d​e vida crescente da população brasileira.

Outro desafio que se desenha para a educação financeira está no campo das tecnologias digitais, cujo uso para produtos e serviços financeiros aumenta a cada dia. Nesse cenário, é necessário prover conteúdo de educação financeira adaptado a esses novos canais e à linguagem de seus usuários.

Diagnóstico

O aprimoramento do diagnóstico quanto ao panorama de inclusão financeira no Brasil também já é uma necessidade percebida.  Esse aperfeiçoamento, entretanto, precisa ser contínuo, tendo em vista as mudanças cada vez mais rápidas e mais amplas que ocorrem na dinâmica da sociedade contemporânea e que se refletem no processo de inclusão. Nesse cenário, bases de dados, metodologias e o intercâmbio de informações entre os diversos atores envolvidos no estudo da inclusão financeira tornam-se vitais para se obterem avanços.

Como relatado anteriormente neste relatório, o BCB está trabalhando em um modelo robusto de monitoramento e avaliação do progresso da inclusão financeira no país, que atenda não só as necessidades de informação do próprio BCB, mas também o conjunto básico de indicadores definidos por entidades e fóruns internacionais, como o G20 e a AFI.

Próximos passos na Parceria Nacional para Inclusão Financeira

Superar os desafios aqui elencados – sejam eles no campo da regulação, da educação, da transparência ou do diagnóstico – e outros que, com certeza, surgirão, pressupõe agir de forma sinérgica.

A continuidade da PNIF, como espaço privilegiado para debate e planejamento de iniciativas conjuntas, adquire, então, caráter primordial. Contudo, para que isso ocorra, a PNIF terá seus próprios desafios pela frente, como ampliar o compartilhamento de experiências, integrar de maneira mais efetiva os parceiros do setor privado, construir agendas coletivas e definir, em consenso, seus próximos passos.

Propõe-se, então, que, em 2015 haja interlocuções dos envolvidos para definição de metas, de acordo com orientações, como a Declaração Maia, e recomendações expressas por entidades internacionais, como o G20 e a AFI.​